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  • Milena Velloso

Love is Divine

Atualizado: 15 de jul. de 2021


"Tenho estado cega todo esse tempo Por favor me perdoem O amor é tudo o que eu preciso para saber o meu nome O amor é divino!" Esse é um pequeno trecho de 'Love is Divine', uma entre tantas canções que ecoaram pelo Vale na interpretação de Michaela Harrison, jazzista americana de New Orleans, no encerramento do Festival de Jazz. Love is Divine só entrou no bis, antecedida por uma magistral interpretação de Obrigado Axé, de Carlinhos Brown, em um dueto com Roninho, ou Ráuni, como foi chamado ao palco. E precedida por 'Let's Stay Together', um groove que encerrou a noite, levando a platéia ao absoluto delírio. Ficamos todos ainda um tempo ali, juntos, como pedia o refrão da canção de Al Green Wille Mitchell, tentando alcançar aquela voz, aquela altivez, elegância e potência presentes em uma só mulher e acabamos partindo, cada um para suas casas, mas os graves e agudos daquela voz permaneceriam por muito mais tempo, pelo menos aqui .


Para mim, o show deveria ter começado e terminado em Love is Divine. Meu maior arrependimento foi não ter gravado aquela interpretação, impecável, única. Ainda mais ao me dar conta que não existe um único registro da referida canção na voz de MichaelaHarrison na internet para compartilhar com vocês. Tentei no Google no Youtube só encontrei com Seal e Claudia Leite. Não consegui nem olhar.


​​Ela abre os versos contando uma história sobre a relação que tem com a música. Durante a devastação que o furacão Katrina fez em sua cidade Natal em 2005, aquela música havia sido fundamental para lembrá-la de algo muito importante: que no meio de toda aquela destruição ela pôde perceber tardiamente que tudo que foi perdido, levado, que nada daquilo importava, mas sim o amor e as pessaos que estavam em volta , tudo dito de uma forma e reverência pelos versos que nem de perto estou conseguindo traduzir aqui. A sensação que tive foi de que estava diante de algo realmente extraordinário, um desses momentos que valeria uma vida inteira!


O amor é realmente divino , e sem ele não há a menor chance de nos lembramos do nosso nome, e a ficha caiu aqui também. Por que é tão fácil se iludir acerca dos verdadeiros motivos das nossas agonias, julgando que o que nos falta é sempre o tal do dindin como questão central de nossas escassezes? Por vezes, quando as tempestades caem sobre nós e sentimos nosso espírito quebrar, podemos ficar cegos e julgar que o que nos falta são recursos materiais para driblarmos as intempéries e movimentos da vida quando na verdade é algo muito mas profundo e substancial: a única coisa que nos falta encontrar é o amor .


E assim que mais uma vez fui lembrada sobre o meu nome em uma noite chuvosa, num coreto de vila em um show memorável. Lelo, antes em casa, adormecido com a pequena Marina, respondeu prontamente ao chamado e apareceu pouco antes dela entrar no palco e antes dele ainda tive a alegria do encontro com as irmãs erês Vilma e Ninha , regados a Melvino, ,uma bebida local , e boas risadas e assim pudemos nos deliciar com a vida em sua melhor expressão: tão ou mais divino que o amor são os encontros que atamos e reatamos vida afora.











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